VAGA IDEIA !!!

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quinta-feira, 28 de maio de 2009

NAQUELE TEMPO ,ANOS SESSENTA E POUCOS...

AS BELAS ARTES eram o meu principal objectivo. genéticamente tinha uma mãe que me apoiava no meu gostar do desenho ,da pintura e escultura . É por ter uma mãe especialmente culta e de visão fora do comum que encontrei um caminho para as artes numa época onde ser artista era sinal de maluco e falhado na sociedade salarazenta e burguesa no mau sentido da palavra. Era , ouvia-se uma pouca vergonha aquilo das Belas Artes : imaginem que tem mulheres nuas...nas aulas. Depois de me matricular vinham-me perguntar se era verdade !Santa ignorância á cerca do que eram as aulas de modelo , mas isso já lá vai. Realmente eu hoje penso que tirar um curso de escultura num país onde o analfabetismo era enorme e onde as artes , tirando o fado, não eram relevantes foi uma maluquice de todo o tamanho. Penso que ainda hoje o é se não tivermos um tio no governo ou a benção dos politicos influentes. Mas o facto mais importante nas Belas Artes da época era um escola com prestigio onde se trabalhava muito e com uma percentagem de bons professores. Nós alunos sentiamos como uma familia onde a entreajuda era moeda corrente e o Mestre como um amigo. Vivia-mos a escola , mesmo sem cantina ou bar e substituia-se isso com os lanches no Café S. Lázaro e os almoços económicos numa taberna do Jardim de S. Lázaro chamada pomposamente O rei dos fritos onde até nos fiavam por sermos das Belas Artes, bons tempos . Depois de jantar os alunos e professores , os mais noctivagos, tomavamos café no famoso Café Magestic onde os de Belas Artes tinham o seu lugar lá ao fundo depois do balcão. Aí as tertulias eram interressantes pois falava-se de tudo menos futebol ou fado. Posso dizer que a escola do Majestic e do S.Lázaro me ensinou muito das artes e da vida. Na nossa frente estavam os artistas de teatro,geralmente do Teatro Experimental do Porto e outro banco ao lado estavam os poetas entre eles aparecia o Eugénio de Andrade e arquitectos e cineastas. Era por grupos que os clientes se sentavam os das letras, da engenharia, e até os chulos mais "importantes" estavam á entrada para ver o mulherio que passava na rua de Santa Catarina. Era assim nos anos sessenta e seguintes.